artesã
Ouricuri, 1923
Petrolina, 2008
Eu gosto das carrancas porque elas são…. Elas simbolizam muita coisa, elas podem fazer muitos milagares….
As carrancas de Ana têm os olhos furados porque ela pediu… quando ela fez uma promessa pra São Francisco pra eu parar de pedir esmola, e eu parei aí ela me pediu: “Zé, se tu não se importar eu quero te pedir uma coisa”. Eu disse: “o que você quiser, meu amor, pede!”. Ela falou: “eu quero te pedir permissão pra eu fazer as carrancas….e furar os olhos”. “Só isso, meu amor?” “Meu amor”, eu eu falei pra ela, “por amor eu faço tudo!”. E ela fez. As carrancas com os olhos furados por minha causa.
(…)
Quando a gente se encontrava era aquela felicidade. Ainda hoje ela tá aí doentinha… tá com 82 anos, vai fazer 83 agora.
A vida inteira ela foi assim comigo, Dona Ana das Carrancas.
A única coisa que me falta, e eu juro por Deus que eu ainda consigo, é uma aliança. Eu casei com aliança emprestada.
José Vicente, artesão, viúvo de Ana
entrevista doc longa muitchareia, mini-DV, 71′, 2006
disponível em
http://www.vimeo.com/nonanuvem
outras palavras:
http://novochico.wordpress.com/2007/09/09/a-arte-do-barro/